Bancos de Perfis Genéticos Criminais no Brasil: Histórico e Evolução
DOI:
https://doi.org/10.17063/bjfs9(4)y2020499-520Palavras-chave:
DNA, genética forense, banco de dadosResumo
A impunidade tem despontado como um dos principais motivos do aumento da criminalidade no Brasil, principalmente devido à dificuldade dos processos investigativos em apontar a autoria de delitos. A indisponibilidade e a falta de transparência de dados da segurança pública e a alta taxa de subnotificação nos registros oficiais são alguns entraves que dificultam a avaliação da eficiência das políticas de segurança pública. Para o agravamento da situação, amostras coletadas em locais de crime pela Perícia Criminal podem não ser prontamente armazenadas nos bancos de DNA forense, ou quando o são, na maioria das vezes, não se obtém perfil genético compatível com os já cadastrados, diminuindo, assim, os índices nacionais de elucidação de autoria dos crimes. Dessa forma, o objetivo do artigo é apresentar um histórico sobre a implementação e evolução dos bancos de dados de perfis genéticos no Brasil. O processo de construção do banco de dados de DNA forense demonstra um avanço na qualidade das investigações policiais, encaixando-se perfeitamente como meio de prova no processo penal, somando-se às demais evidências necessárias à persecução penal. As técnicas de identificação baseadas na análise do DNA estão cada vez mais sendo empregadas no Brasil em amostras relacionadas a vestígios biológicos coletados em locais de crime, porém longe do patamar alcançado em países como os EUA e Reino Unido, que possuem milhões de perfis genéticos em seus bancos de dados, o que reflete nos seus altos índices de elucidação de crimes.
Referências
Brasil. Presidência da República. Lei Federal nº 9.454, de 7 de abril de 1997, que institui o número único de Registro de Identidade Civil e dá outras providências. DOU de 08/04/1997. p. 6741.
Araújo MC, Pasquali L. Histórico dos processos de identificação - Parte I Processos de identificação. p 1-64. Disponível em: <http://www.institutodeidentificacao.pr.gov.br/arquivos/File/forum/historico_processos.pdf>. Acesso em 10 de maio de 2020.
Guillén M, Lareu MV, Pestoni C, Salas A, Carracedo A. Ethical-legal problems of DNA databases in criminal investigation. J Med Ethics. 2000;26(4):266–271. https://doi.org/10.1136/jme.26.4.266
Mora SJM. Propuestas para la creación y regulación legal em espanã de una bases de datos de adn con fines de identificación criminal. In: Casabona, CMR. Bases de datos de perfiles de ADN y criminalidad. Bilbão-Granada: Comares, 2002.
Casabona CMR. Prologo. In: Casabona, CMR. Bases de datos de perfiles de DNA y criminalidade. Bilbão-Granada: Comares, 2002.
Bonaccorso NS. Aspectos técnicos, éticos e jurídicos relacionados com a criação de bancos de dados criminais de DNA no Brasil [Tese de Doutorado]. São Paulo: Universidade de São Paulo, USP; 2010.
Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). 13° Anuário Brasileiro de Segurança Pública. São Paulo, 2019. 205 p.
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Sistema de Indicadores de percepção Social. Segurança Pública, 2012. 17p.
Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN). Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias. Infopen. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Brasília - DF, 2019.
Mota MF, Finotti NCP. Contribuição do banco de perfis genéticos da superintendência de polícia técnico-científica do estado de Goiás com a elucidação de crimes após três anos de funcionamento. Rev Bras Criminologia. 2018;7(1):26-31. https://doi.org/10.15260/rbc.v7i1.193
Chagas ATA, Santos VRD. A lei 12.654/12 e os novos desafios para a perícia criminal na área de biologia forense em Minas Gerais. Rev Criminal Med Legal. 2016; 1(1):6-11.
Becker R, Dutelle A. Criminal investigation. Jones & Bartlett Learning. 4. ed. Burlington/MA, USA; 2013. 569p
Lehninger AL, Nelson DL, Cox MM. Princípios de bioquímica. 4. ed. São Paulo: Sarvier; 2006. 1202 p.
Caligiorne SM, Chagas ATA. DNA Forense - O uso da biologia molecular na resolução de casos criminais. Revista Criminalística e Medicina Legal. 2019; 4(1):9-15.
Benecke M. DNA typing in forensic medicine and in criminal investigations: a current survey. Naturwissenschaften. 1997; 84:181-188. https://doi.org/10.1007/s001140050375
Godinho NMO. Banco de dados de DNA: uma ferramenta a serviço da Justiça. Rev. Bras Estudos Seg Publica. Goiânia. 2014;7(2):20-30. https://doi.org/10.29377/rebesp.v7i2.193
Decanine D. O papel de marcadores moleculares na genética forense. Rev Bras Criminal. 2016;5(2):18-27. https://doi.org/10.15260/rbc.v5i2.123
Garrido RG, Rodrigues EL. O banco de perfis genéticos brasileiros três anos após a Lei nº 12.654. Rev Bioética y Derecho. 2015;35(1):94-107.
Brasil. Decreto n.º 7.950, de 12 de março de 2013. Institui o banco nacional de perfis genéticos e a rede integrada de bancos de perfis genéticos. Brasília. DF; 2013. DOU de 13/03/2013. p.4.
Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos (RIBPG). XII relatório da rede integrada de bancos de perfis genéticos. Dados estatísticos e resultados relativos - Nov/2019 a Mai/2020. Brasília, 2020. 43p.
Brasil. Lei nº 12.654, de 28 de maio de 2012. Brasília, 2012. DOU de 29/05/2012. p.1.
Santana CMM, Abdalla-Filho E. Banco nacional de perfis genéticos criminal: uma discussão bioética. Rev Bras Bioética, 2012;8(1-4):31-46. https://doi.org/10.26512/rbb.v8i1-4.7775
Rabelo JG. A coleta compulsória de material biológico para obtenção de perfil genético. Uma análise do Recurso Extraordinário nº 973.837 e da Lei nº 12.654 à luz de Dworkin. [Monografia]: Brasília, Universidade de Brasília, Faculdade de Direito, UNB; 2018.
Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos (RIBPG). Manual de procedimentos operacionais. Brasília: Ministério da Segurança Pública. Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos; 2017. 21 p.
Dias-Filho CR, Francez, PAC. Introdução à biologia forense. 1 ed. Campinas: Editora Millennium; 2016. 448p.
Silva-Junior RC, Minervino AC, Martinez LL, Russo D, Miranda DA. Geolocation of the brazilian national DNA database matches as a tool for improving public safety and the promotion of justice. Forensic Science Inter: Gen Supp.; 2019. 7(1):549-551. https://doi.org/10.1016/j.fsigss.2019.10.086
Brasil. Portaria nº 82, de 16 de julho de 2014. Brasília, 2014. DOU de 18/07/2014. p 42.
Silva EFA, Jacques GS, Chemale G, Francez PA. Genética Forense. In Velho JA, Geiser GC, Espindula A (org). Ciências forenses: uma introdução às principais áreas da criminalística moderna. 3 ed. Campinas: Editora Millenium. 2017.
Ferrari-Junior E. A cadeia de custódia e a prova pericial. Rev Âmbito Jurídico. 2012;15:99.
Iwamura ESM, Muñoz DR. Análise de DNA em medicina legal, banco de dados e controle de qualidade. Saúde, Ética & Justiça. 2003;8(1/2):13-17. https://doi.org/10.11606/issn.2317-2770.v8i1-2p13-17
Brasil. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Comitê Gestor da Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos. Resolução nº 9, de 13 de abril de 2018. DOU de 26/04/2018. p. 118.
Batista CV. Estabilidade alélica dos marcadores forenses nas leucemias [Dissertação de Mestrado]. Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar da Universidade do Porto; 2009.
Doleac J. The effects of DNA databases on crime. Am Econ J: Applied Economics; 2017.9(1):165-201. https://doi.org/10.1257/app.20150043
Procuradoria Geral da República (PGR). Parecer nº 07/2017 – AJCR/SGJ/PGR - Parecer pelo não provimento do recurso nº 973837/MG ao STF. Brasília, 2018.
Federal Bureau of Investigation (FBI). CODIS Combined DNA Index System. Disponível em: <https://www.fbi.gov/services/laboratory/biometric-analysis/codis >. Acesso em: 20 de maio de 2020.
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Reincidência criminal no Brasil - Relatório de Pesquisa. 2015. 154 p.
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Estupro no Brasil: uma radiografia segundo os dados da Saúde (versão preliminar). 2014. 30 p.
Butler JM. U.S. Initiatives to strengthen forensic science & international standards in forensic DNA. Forensic Sci Int Genet. 2015;18:4-20. https://doi.org/10.1016/j.fsigen.2015.06.008
Souza JM, Queiroz PRM. Coleta e preservação de vestígios biológicos para análises criminais por DNA. Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde. 2012; 16(3):99-115.
Federal Bureau of Investigation (FBI). CODIS - NDIS Statistics. Disponível em: <https://www.fbi.gov/services/laboratory/biometric-analysis/codis/ndis-statistics>. Acesso em: 20 de maio de 2020.
Interpol. Global DNA profiling survey results. 2019.19 p. Disponível em: < https://www.interpol.int/How-we-work/Forensics/DNA >. Acesso em: 20 de maio de 2020.
Lima HB. DNA x Criminalidade. Rev Perícia Federal. 2007; IX(26):7-10.
Machado H. Construtores da bio(in)segurança na base de dados de perfis de DNA. Etnográfica. 2011; 15(1):153-166. https://doi.org/10.4000/etnografica.859
National Police Chief´S Council (NPCC). National DNA database strategy board annual report 2017/18; 2019. 55 p. Disponível em: < https://assets.publishing.service.gov.uk/government/uploads/system/uploads/attachment_data/file/778065/National_DNA_Database_anuual_report_2017-18_print.pdf>. Acesso em: 20 de maio de 2020.
Siegel JA, Mirakovits K. Forensic Science: the basics. 1 ed. FL:CRC Press; 2006. 560 p.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Brazilian Journal of Forensic Sciences, Medical Law and Bioethics

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.